Dia 09 de Outubro de 2011, coração a mil ao desembarcar do avião e entrar no aeroporto com tantas ansiedades e preocupações passando em minha mente. Com o pouco de inglês que falava, e com a curiosidade de saber como seria recebido, peguei minha bagagem e parti para pegar o trem para o centro da cidade. Apesar de ser de noite, me senti muito seguro.
Com um inglês frágil e perdido em uma cidade gigantesca, rumei para meu primeiro dia de trabalho. Sem fazer idéia de como chegar ao local, pedi ajuda para o motorista de ônibus, que para minha surpresa, teve muita paciência em tentar entender o que eu queria falar, e me explicar o que eu tentava entender. E não foi só o motorista, caixas de supermercados, policiais, donos de lojas. A maioria das pessoas eram tão educadas e preocupadas com a minha situação, que por viver outra realidade no meu país, às vezes até desconfiava de má fé. Um dia não conseguia ligar para casa por não ter moedas, um gari que passava por ali prestou atenção no que acontecia, tirou três moedas de seu bolso e então consegui completar a chamada. Não digo que todas as pessoas são assim por lá, mas geralmente, pode-se confiar.
É impossível ficar desempregado se você realmente quer trabalhar. Muitas vezes o trabalho é árduo, cansativo, doloroso, mas vale muito a pena! Não só por causa do dinheiro bom que se consegue juntar, mas pelas experiências que a gente passa, que viram inesquecíveis histórias, e pelas inúmeras amizades que são formadas. Muitas vezes eram tempos difíceis, sete dólares no bolso, chegando o dia de pagar o aluguel, trabalhando duramente, e nada de dinheiro entrando. Talvez um ponto que eu chamava de negativo por sentir-me humilhado de trabalhar e ter de esperar algumas vezes um mês para poder ser pago de um trabalho que se paga diariamente (geralmente chefes não australianos agem assim). Mas hoje eu vejo como foi bom para abrir meus olhos e ver como a gente “sempre pode”. E ao voltar cansado de cada dia de trabalho, e passar pela Harbour Bridge vendo o sol se deitar iluminando a Opera House, esquecia todos os problemas, e somente agradecia por poder estar ali.
Sydney é uma cidade organizada, limpa, onde tudo funciona. Talvez o sistema funcione por que as pessoas respeitam-no. Realmente não é tão barato viver por lá. É bom ver que dinheiro investido pela populção em forma de taxas e impostos realmente tem retorno.
Hum... e os inúmeros parques verdes e paisagens naturais onde se pode relaxar com segurança. Visitei a maioria das praias, cada uma com um toque diferente da outra. Diferentes pessoas, diferentes paisagens e cores. Tem praias para quem quer relaxar, para quem quer curtir esportes, para quem quer fazer farra. Claro, lá não se pega praia que nem no Brasil, mas vale a pena conhecer cada uma delas. Se for pro surf, fique ligado nas placas de sinalização e nas sirenes que podem tocar a qualquer momento avisando algum perigo. Se for “farrear”, é necessário ter respeito pelas regras do país. Os australianos são muito respeitosos, mas esperam o mesmo respeito de você.
E é claro, a vida noturna de Sydney. Com pessoas de culturas tão diferentes, e curiosas para conhecer gente nova, a noite fica muito animada e interessante. Muitos dos estabelecimentos não se pagava entrada, mas garantiam uma boa segurança, organização, e ambientes agradáveis. Mas claro que nem tudo é mil maravilhas! Geralmente as baladas acabavam cedo (em torno das 3am). Mesmo que em muitos lugares não se paga entrada, é bom ter uma grana no bolso, pois os preços das bebidas não são lá muito animadores (é relativo à sua situação econômica). Como eu queria economizar uma grana, procurava sempre fazer um esquenta (mas bem feito) antes de entrar nos clubs para não se preocupar em gastar muito lá dentro. E para quem gosta de beber bastante, saiba disfarçar muito bem ao entrar na festa, pois os seguranças são muito rígidos ao ver pessoas doidas aloprando geral. Vi amigos sendo barrados e outros expulsos por atitudes bem menos “anormais” do que as praticadas por aqui no Brasil. Fica a dica.
Quanto a Egali, bom, via esta equipe como um ponto de segurança no meu dia-a-dia. Sempre disponível a resolver problemas que geralmente um intercambista tem. E foi muito além da profissionalidade, talvez isso que fortaleceu ainda mais o laço entre, não só eu, mas uma penca de outros intercambistas, e a Egali. Tinhamos mesmo amigos que podiamos contar fora ou dentro do expediente de trabalho.
Tenho que agradecer a quem me deu essa oportunidade, e à todos de que de uma forma ou de outra, perto ou longe, trilharam esse caminho comigo onde passei lições que não posso esquecer. Se ficou o gosto de querer voltar, é porque valeu a pena!
Luiz Philipi Calegari
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